SÉRIE - RETHINKING SUSTAINABLE DEVELOPMENT GOALS
5 minutes | 37 seconds | 1124 words| 1st published 06.2019 | updated 19042022
Nos primeiros dias de aulas o-aluno consegue ganhar um certo fascínio pela novidade do seu livro-escolar, porém, à medida que o tempo passa o-livro-escolar pode transformar-se num peso, que consome o crescimento saudável da estrutura óssea do aluno, ou! numa memória-má daquilo que o aluno não conseguiu alcançar. A gratuitidade dos manuais escolares em Portugal até ao final da escolaridade obrigatória (no ensino público), não pode esconder a necessidade de se aferir sobre a eficácia do livro-escolar quanto à sua contribuição para o sucesso das aprendizagens essenciais do-aluno e para alcançar a educação inclusiva e de qualidade (#ODS4), na medida de que a problemática do elevado custo dos livros-escolares não deixou de existir, pelo contrário, foi um peso transferido para o Estado sendo, portanto, um custo agora suportado por todos.
Em verdade se deve afirmar que a crise da Covid-19 revelou a dimensão em que o livro-escolar falhou como recurso didático-pedagógico de apoio ao trabalho autónomo do aluno porque "o-livro-escolar", nomeadamente em modalidade de oferta educativa E@D (Ensino à Distância), não reverteu o insucesso educativo nem as desigualdades de equidade de oportunidades educativas na medida de que já não o era capaz de fazer em modalidade de ensino presencial, o E@D apenas confirmou esta evidência. De notar que é nos momentos em que o-aluno está sozinho (sem o professor) que o livro-escolar tem de provar ser um recurso didático-pedagógico de apoio ao trabalho autónomo do aluno (Decreto-Lei n47/2006, Artigo 3); na forma clara como consegue explicar aquilo que o aluno não conseguiu compreender em aula; na forma clara como deve orientar o aluno para ultrapassar as dificuldades (que todos tivemos como aprendizes); na forma clara e inovadora como deve de partilhar técnicas de aprendizagem de sucesso (de outros alunos) e na forma clara como deve de contribuir para a construção da educação inclusiva, não deixando para trás nenhum aluno.
Deste modo, devemos de inverter a proposição clássica de discutir o que produz o livro-escolar para a escola, para o professor e para a política do Governo vigente, para questionar o que criam,e produzem!, as crianças e os jovens na sua interação com o livro escolar ao longo de doze anos de escolaridade obrigatória. Efetivamente, constata-se que apesar do-aluno ser o-utilizador do livro-escolar ele não é interveniente no processo de-escolha nem de-avaliação dos livros-escolares que usa ao longo dos doze anos de percurso escolar obrigatório. Com efeito, nunca se questionou sobre a contribuição que o livro-escolar tem para o-sucesso, nem para o-insucesso escolar de cada aluno. Nunca se questionou sobre qual o peso do livro-escolar para a eficiência do processo de aprendizagem; nunca se questionou se o livro escolar consegue preencher o learning-gap entre "aquilo" que um aluno não consegue compreender em contexto de aula e "aquilo" que tem de compreender quando estuda sozinho, facto que a modalidade E@D tornou evidente e importante de se aferir.
O livro escolar, como produto da produção-massificada, tem na sua génese de orientação-seleção o marketing-científico-pedagógico e não a prova da sua evidência-científico-pedagógica, recusando prestar-se a ser objeto de avaliação, nomeadamente quanto à eficácia do objeto que suporta a sua existência, i.e. a evidência da sua contribuição para o sucesso educativo do aluno ao longo dos 12 anos de escolaridade obrigatória. Tal acontece porque o livro-escolar é desenvolvido sob a crença epistemológica de que a sua existência é independente do modo como o-aluno se relaciona com "ele" - tese pedagógica que se mostra desajustada face aos valores de progresso atuais expressos nos Decretos Lei nº54,55 (de 6 Julho 2018) e expressos no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória (despacho 6478/2017); facto que tem contribuído para um distanciamento cada vez maior entre o-aluno e o livro-escolar como objeto do saber, nutrindo-se a ideia de que a culpa deste distanciamento é por falta de maturidade do-aluno, e/ou pela sua insuficiente autonomia e autorregulação; e não pela rigidez da mentalidade-editorial do livro-escolar em não se mostrar pedagogicamente eficaz para quem o utiliza, mas frutífero para quem o vende, para quem o seleciona e para quem o instrumentaliza. De notar que a eficiência de um livro escolar está na sua integridade pedagógico-científica, ou seja, na capacidade de explicitamente ser capaz de se relacionar com o aluno e de o auxiliar a compreender - autonomamente - o conhecimento que tem de adquirir com o mesmo grau de exigência de cada descritor de avaliação que é utilizado pelo professor para o avaliar.
Efetivamente, se o aluno não convive com o-livro-escolar é por ainda se colocar entre o-aluno e o livro-escolar um formalismo estabelecido por normas rígidas que se encontram desajustadas às necessidades atuais dos alunos, normas que excluem os melhores interesses das atuais e futuras gerações porque excluem os-alunos de todos os processos de decisão que influem na sua realização presente e futura do seu sucesso académico, cívico e humano.
Assim, as questões mantêm-se: será que o livro escolar consegue ser eficaz quanto à sua abordagem pedagógica e contribuir para o sucesso escolar de todos os alunos? Será que o livro escolar consegue motivar o aluno para o objeto do conhecimento sem recorrer ao recurso da veleidade-pop-imagens? Será que um livro-escolar consegue responder aos problemas de aprendizagem derivados de estilos de ensino desajustados apresentando soluções para os ultrapassar? Será que o livro-escolar contribui para alcançar a interdisciplinaridade e transdisciplinaridade do conhecimento dotando os alunos de imunidade contra os desafios das sociedades modernas? Não deveria o livro escolar refletir o sentido legado dos alunos mais velhos para com os alunos mais-novos, promovendo dicas e apontamentos dos próprios sobre como ultrapassar dificuldades sobre as diferentes matérias de estudo?
Outra questão importante de se aferir é porque se mostram os shadow-learning-books: a modalidade de livros-escolares-complementares desenvolvidos paralelamente para apoiar o aluno no estudo, mais eficientes do que os livros-escolares? Não deveriam os livros-escolares estar dotados do mesmo nível de eficácia orientada para objetivos que se mostra presente na arquitetura de desenvolvimento dos shadow-learning-books?
#ODS1 + #ODS2 + #ODS3 + #ODS4 + #ODS5 + #ODS6 + #ODS7 + #ODS8 + #ODS9 + #ODS10 + #ODS11 + #ODS12 + #ODS13 + #ODS14 + #ODS15 + #ODS16 + #ODS17 PEDIMOS DESCULPA, ÀS NOVAS GERAÇÕES, POR AO LONGO DOS SEUS DOZE ANOS DE ESCOLARIDADE OBRIGATÓRIA NÃO SEREM MERECEDORES DA OPORTUNIDADE DE ESCOLHER, AVALIAR E CONTRIBUIR PARA MELHORAR OS SEUS LIVROS-ESCOLARES.