SÉRIE - RETHINKING SUSTAINABLE DEVELOPMENT GOALS
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este fim-de-semana fui tomar um café num daqueles cafés onde há muita gente. num daqueles cafés onde o ecoar das vozes dá vida aos desenhos dos azulejos transformando-os em aventuras portuguesas de corto maltese. num daqueles cafés onde o cheiro a café faz acordar o sono. num daqueles cafés onde o cheiro dos bolos chama memórias do coração. num daqueles cafés onde temos de gritar para ser ouvidos. num daqueles cafés onde as conversas misturam-se com as cores das roupas e com o som do bater das loiças. num daqueles cafés palco dos mistérios pensados por hugo pratt. o-café puxa pelo coração criando o formigueiro da palavra. palavra que puxa palavra. numa mesa ao lado da minha um grupo de amigos tentava chegar a um acordo sobre qual a palavra mais importante da vida. uns diziam que era a palavra - amor. outros diziam que era a palavra - dinheiro. outros diziam que era a palavra - felicidade. outros diziam que era a palavra - saúde. outros diziam que era a palavra - prazer. outros diziam que era a palavra - ambição. até que reduzidos a um impasse decidiram perguntar ao sr. antónio qual a palavra que ele considerava ser a palavra-mais-importante da vida. o sr. antónio era o mestre de mesa que conhecia os feitios do café que falavam a cada rosto. o sr. antónio baixou os olhos e na toalha de papel escreveu: paz. - paz!?! – gritaram todos desapontados pois esperavam pela palavra tira-teimas e não por mais-uma-palavra. silêncio que se vai cantar o fado! - gritou o sr. antónio. o sr. antónio colocou-se em cima de uma cadeira donde levantou a camisa da farda e falou: veem estas cicatrizes? foram feitas na guerra do ultramar. veem este olho? é de vidro. perdi-o quando uma granada rebentou perto de mim. o meu camarada não teve tanta sorte e morreu ali ao meu lado. hoje sou empregado de mesa e recebo tostões pelo país que servi. tostões que não pagam casa. tostões que não pagam saúde. vejo políticos a defenderem paz pela força das armas e sinto as minhas cicatrizes em carne viva. como se uma arma em minha casa produzisse amor. como se uma arma em minha casa produzisse dinheiro. como se uma arma em minha casa produzisse saúde. tomem nota amigos! a paz é feita pelo ritmo do coração e não pela força da cabeça. amor sem paz é malquerido. dinheiro sem paz é pobreza. saúde sem paz é moléstia. a política que produz armas para defender a paz é política mentirosa! silêncio. a máquina do café calou-se. os desenhos dos azulejos voltaram à parede para reescrever a história portuguesa de corto maltese. o sr. antónio desceu da cadeira. a gente que enchia o café levantou-se para o abraçar. lágrimas encheram os olhos do sr.antónio. gratidão que se ouviu cair em moedas de gratificação vindas em multiplicação do coração. coração desenhado por gente em ouro filigrana português.
#ODS1 + #ODS2 + #ODS3 + #ODS4 + #ODS5 + #ODS6 + #ODS7 + #ODS8 + ODS9 + ODS10 + ODS11 + ODS12 + ODS13 + ODS14 + ODS15 + ODS16 + ODS17 OBRIGADA, A TODOS OS PORTUGUESES QUE VIVERAM O SUFICIENTE PARA CONHECER QUE A POLÍTICA É MENTIROSA.