Tuesday, 23 September 2025

O PARADOXO DA DEMOCRACIA NA AMEAÇA-POVO | RETHINKING SUSTAINABLE GOALS

SÉRIE - RETHINKING SUSTAINABLE DEVELOPMENT GOALS
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sofia fidalga marques só estava bem quando escrevia. não é que considerasse o-escrever a sua-arte mas falar custava-lhe. o falar implicava responder. e  o responder na opinião da sofia fidalga marques carecia da substância do vínculo  do escrever. falar era assim um desconforto que a  sofia fidalga marques evitava. os dias da sofia fidalga marques eram passados numa sala escura a escrever  relatórios sobre teorias.a escrever teses sobre hipóteses. foi assim que a sofia aprendeu a ouvir para escrever e a observar para escrever. qualidade que lhe aprimorou a capacidade de avaliar. facto que explicava  a sua profissão. sofia fidalga marques tinha por profissão monitorizar o comportamento de uma amostra representativa da população mundial para poder prever acontecimentos mundiais. ela percorria telas digitais. sons e imagens.  ouvia conversas. escrevia e anotava. escrevia e concluía. escrevia e  previa. a sofia fidalga marques tinha uma função envolta em secretismo. as pastas de trabalho  da sofia fidalga marques  tinham sempre o carimbo da confidencialidade mais elevada do estado e eram  lidas apenas  por quem detinha autorização classificada de muito-especial. a sofia fidalga marques andava a trabalhar uma teoria-política que lhe tinham pedido: como retirar poderes aos indivíduos sem melindrar a democracia para reforçar os poderes corporativos e o estado de direito. nesta teoria, o estado era entendido como uma entidade corporativa com interesses comuns às corporações: satisfazer a rentabilidade dos stakeholders. teoria fundamentada na crescente  convicção  de que  o povo não era fiável e representava  uma ameaça aos valores da democracia e do estado de direito. teoria que não acreditava na capacidade da pessoa comum de tomar decisões racionais para o todo e  sugeria  acabar com o direito do voto-individual  substituindo-o pelo voto-corporativo. o indivíduo teria assim de fazer  prova  pertencer a um corpo corporativo público ou privado com quem tinha um contrato de trabalho. essa corporação passaria a representar a  intenção do  voto do trabalhador expresso em voto anónimo contabilizado e regulado pela respetiva corporação. na prática o que se propunha era que, se um indivíduo  trabalhasse na 'empresa xyz',  ele teria o seu voto representado por essa empresa.  modelo que segundo essa mesma teoria  apontava para uma melhor aplicação dos valores democráticos sem os colocar em risco.  pois  considerava ser as corporações o coração da economia e o principal agente económico de quem dependia a sustentabilidade do indivíduo e a sustentabilidade do país. o relatório sugeria adicionalmente que esta medida iria reduzir o desemprego, uma vez que as empresas para assegurarem a defesa dos seus interesses  fariam um esforço para incluir o maior número de colaboradores e assim obter maior representação de voto em decisões que beneficiam os stakeholders. a sofia fidalga marques colocou todas as variáveis num programa informático que construiu. foi então que viu aquilo que não queria ver e recusou aquilo que lhe pediam. pela primeira vez sofia marques fidalgo falou alto e a teoria política caiu.

ODS1+ #ODS2 + #ODS3 + #ODS4 + #ODS5 + #ODS6 + #ODS7 + #ODS8 + #ODS9 #ODS10 + #ODS11 + #ODS12 + #ODS13 + #ODS14 + #ODS15 + #ODS16 + #ODS17 OBRIGADA, A TODA A PESSOA QUE NO SEU TRABALHO QUESTIONA O QUE LHE PEDEM, POIS É NESSA PESSOA QUE RESIDE O VERDADEIRO SENTIDO  DO  NORTE-HUMANIDADE.