Wednesday, 2 April 2025

O INCOMPLETO MANIFESTO DO CRESCIMENTO DO SISTEMA DE EDUCAÇÃO PÚBLICO PORTUGUÊS | BIGBANG THEORY TO BE



 20th February 2025



As escolas operam num ecossistema cada vez mais complexo, o ambiente da biologia da educação está cada vez mais diversificado, dinâmico e interconectado com um mundo  cada vez mais difícil de prever. No entanto, observa-se que o estilo de liderança de gestão das escolas públicas, adotado por vários Ministérios da Educação que acompanham o ritmo das políticas-in-out dos vários governos, está mais rígido, fechado, arcaico e burocrático que o praticado quando o mundo era mais previsível. Um dos exemplos do estilo de liderança fechado, rígido e arcaico,   empregue na gestão das escolas públicas, é o poder conferido a uma única pessoa na figura de Director de Escola, quando há uns anos existia um conselho directivo constituído por vários professores. Directores de Escola que reportam a um leque restrito de directores gerais monásticos, sentados em tronos de pedra e vestidos de togas de juízes iniciados nos ministérios da autocracia da ilusão verdade-educação,   que alimentam um ecossistema de professores-tecnocratas, tão só para elevar a burocracia a um sentido falso de controlo de gestão e transformar as escolas em fábricas de esterilização em massa do atributo inovação.

Agora, silêncio! que se vai cantar o Fado!

Os projectos educativos apresentados pelos directores vendem-se pela uniformidade  do ego globalização-mundo dos vários ministros da educação,  conduzidos pelo leme dos clichés em voga em cada onda de moda: "democracia, diversidade, inclusão, humanismo e  alunos como cidadãos do mundo", clichés que morrem sempre na praia como alforrecas cansadas. O corporativismo dos professores, dos funcionários e dos encarregados de educação colocou "bons" e "maus"  no mesmo saco, sobrepondo o barulho da força-quantidade, pela voz frágil da individualidade-qualidade; e colocou os  interesses corporativos de cada classe, sobre o melhor interesse das crianças e dos jovens.

O projecto educativo das escolas públicas tem de ser Nacional e Adaptado às especificidade de cada aluno. Nacional, no sentido de que tem de ser um factor de união do país e resultar de um esforço de concentração de todos os indivíduos pela aplicação da diversidade de pensamento, e não pela aplicação da uniformidade de ideologia política nacional e/ou local. Adaptado, no sentido de que o projeto educativo tem de se ajustar  às especificidades de cada aluno, no maior respeito pelo que uma criança poderá vir a ser e na certeza de que é a individualidade de cada criança que vai  transformar o país e o mundo em melhor humanidade. 

Agora, silêncio! que se vai cantar o Fado!

Numa entrevista ao canal CNN,   um director de agrupamento  quando questionado sobre a possibilidade de regresso de professores aposentados, responde: "não, os professores não estão a aderir muito a essa solução, no entanto é uma solução que também perverte o sistema, ou seja, inverte a pirâmide, oferecem-se suplementos remuneratórios a esses docentes muito superiores àquilo que se paga a um director, sub-director, a um adjunto de uma direcção que são efectivamente as pessoas que neste momento estão a fazer com que as escolas funcionem...". Esta posição desactualizada! prova que os professores, pelo seu exclusivo grau de especialização na docência de uma determinada disciplina, não são os melhores gestores, pois a-gestão implica o desenvolvimento de competências interdisciplinares, multidisciplinares e transdisciplinares que não fazem parte do currículo da docência focada  no saber técnico compartimentado de uma determinada disciplina. 


Ora, no meio empresarial é comum directores  ganharem menos que os seus colaboradores, especialmente  se a especificidade do cargo assim o determina como factor essencial para o todo, pelo que os directores das empresas sabem que o título do cargo que ocupam não depende da sua posição na pirâmide organizacional, mas do contributo que produzem para o todo. De notar que um colaborador altamente especializado não é necessariamente um bom candidato a um cargo de gestor de recursos humanos dos seus pares. 

Esta cultura de Escola  de gestão rígida e concentrada numa figura única de director com formação em docência e não em gestão de organizações   é  factor de castração do ensino de qualidade para a Paz (positividade), Inovação (genialidade) e Empreendedorismo (responsabilidade),  pois os professores de elevada qualidade não são valorizados, nem diferenciados, nem motivados financeiramente, quando o deviam de ser, pois a recompensa do professor deve estar no seu esforço em desenvolver melhores técnicas de cognição que confira vantagens cognitivas de colaboração aos alunos e não no grau de obediência à política burocrática do director e/ou do ministério da educação. As escolas deviam de ter uma pessoa, com formação em gestão de recursos humanos, concentrada a gerir as motivações de cada  professor, não só para poderem gerir as tensões como também para motivar o professor no seu percurso de transformação do ensino em melhor ensino.

Agora, silêncio! que se vai cantar o Fado!

Um dos mitos que subsiste na análise dos episódios de violência das escolas públicas é o de que a violência  é sintoma exclusivo da disfuncionalidade de bairros onde a pobreza criou colónias neoplásicas que transformaram alunos, pais e professores em monstros. Porém, a realidade mostra que essa violência  é igualmente endémica nos colégios privados e internacionais. A diferença é que nas escolas públicas, a maioria dos pais não tem  dinheiro para defender os seus filhos no tribunal.

Neste ponto da gestão da violência, as Escolas Públicas devem tirar aprendizagens e boas práticas da Gestão dos Centros Educativos  a todos os níveis, no sentido das escolas compreenderem a violência, a poderem diferenciar e sobre ela poderem agir com o antídoto correcto. Neste sentido, deve-se notar que nos centros educativos existe a figura de técnicos profissionais de reinserção social (TPRS) que têm um papel importante na gestão dos alunos, gerindo melhor as questões da disciplina do que os professores. Aliás! o professor, devia estar exclusivamente enfocado no bem ensinar e as escolas devim de ter TPRS a coordenar os auxiliares de educação.

As tensões que se geram numa escola são muitas, tal como nas empresas, no entanto as escolas não têm qualquer tipo de acção inovadora que alivie e previna  essas tensões, senão o recurso à rigidez, sendo isto mais uma prova da gestão desatualizada das escolas. 

 Agora, silêncio! que se vai cantar o Fado!

Se o ensino público português está preso na lama, tal se deve ao regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário e não ao  potencial de realização dos alunos portugueses, porque este regime de "autonomia" tem como centro satisfazer as necessidades do ego da ideologia política nacional e local e não as necessidades das crianças.

 Agora, silêncio! que se vai cantar o Fado!